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O Futuro do Trabalho Precisa de uma Psicologia que Continue Avançando com a Frente - Por Dai Bentivi

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Vivemos tempos em que o trabalho, em vez de oferecer sentido, sustento e dignidade, se transforma em um campo fértil para o sofrimento psíquico. A precarização, a intensificação, o controle velado (ou escancarado), a cultura da produtividade e do burnout, o assédio como “método de gestão”, o medo constante da exclusão e do fracasso – tudo isso compõe o cotidiano de milhões de trabalhadores e trabalhadoras no Brasil.

Como psicólogas e psicólogos, não podemos normalizar esse cenário. A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) deixa de ser vista como uma função meramente técnica, neutra ou a serviço da gestão, e assume seu lugar como uma ciência crítica e transformadora. Precisamos tensionar o que adoece, propor intervenções éticas e promover uma cultura de cuidado nos ambientes laborais. A saúde mental no trabalho não será garantida por discursos genéricos sobre “bem-estar”, mas por enfrentamentos concretos ao sofrimento institucionalizado.

Trabalho e organizações, no contexto da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), são dimensões indissociáveis, pois é impossível compreender e transformar as condições de trabalho sem considerar o modo como as organizações funcionam, estruturam seus processos e tomam decisões. O bem-estar, a saúde mental e a proteção dos trabalhadores dependem diretamente da forma como o trabalho é organizado, das práticas de gestão adotadas e da cultura institucional que se estabelece. A Frente  em Defesa da Psicologia Brasileira acredita que somente ao cuidar das organizações e de seus processos de gestão é possível criar ambientes de trabalho protetivos, capazes de prevenir o adoecimento, promover a qualidade de vida e assegurar que o trabalho seja fonte de desenvolvimento humano e não de sofrimento.

É por isso que a Frente é, hoje, a única proposta que reconhece a centralidade do trabalho na produção do sofrimento e atua para reposicionar a POT como campo estratégico de cuidado, prevenção e enfrentamento das violências laborais.

Nos últimos anos, a Frente:

●     Realizou e institucionalizou o Censo da Psicologia Regulamentou a atuação da/o psicóloga/o no mundo do trabalho;

●     Criou a primeira Resolução sobre Riscos Psicossociais no Trabalho, promovendo diretrizes para prevenção ao sofrimento nas organizações;

●     Produziu a Nota Técnica sobre Assédio Moral, reconhecendo o papel da Psicologia na identificação e enfrentamento dessas práticas;

●     Lançou uma cartilha orientadora da POT, discutindo ciclo vital, ética, formação e os desafios do campo;

●     Atuou diretamente no debate para a promulgação da certificação de empresas promotoras de saúde mental no trabalho.

E ainda queremos avançar muito mais. A agenda da Frente para a POT está organizada em quatro grandes eixos:

Regulamentação e reconhecimento profissional

●     Garantir a presença da POT no SUS, SUAS, na Justiça do Trabalho;

●     Lutar por honorários justos, valorização profissional e defesa da carreira pública;

●     Atualizar a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), propondo uma descrição precisa, ética e técnica da atuação da Psicologia, desvinculando-a de outras práticas não regulamentadas e garantindo o reconhecimento institucional da área no mundo do trabalho.

●     Propor uma resolução do CFP que regulamente a atuação da Psicologia na construção de contextos organizacionais livres de assédio moral, assédio sexual e outras formas de violência no trabalho, com foco na prevenção, acolhimento e cuidado das pessoas trabalhadoras.

●     Incluir a POT nos debates sobre saúde digital no trabalho, com atenção à plataformização e ao controle algorítmico que afeta a saúde mental e as condições éticas de trabalho.

●     Produzir diretrizes técnicas e éticas sobre o uso de ferramentas digitais no contexto da POT (apps de produtividade, testes online, monitoramento de trabalhadores), com foco na proteção de dados e dignidade do trabalho.

 

Incidência política e institucional

●     Defender a redução da carga horária e o piso salarial;

●     Ampliar políticas públicas de saúde mental no trabalho com protagonismo da Psicologia;

●     Defender a inclusão da Psicologia nos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) -  a partir de articulação com a Fundacentro, sindicatos e CERESTs - , reconhecendo a relevância da POT na prevenção de riscos psicossociais, promoção do bem-estar e análise organizacional crítica;

●     Incluir representantes da POT em fóruns e GTs interdisciplinares sobre saúde mental no trabalho, ESG, diversidade, equidade e inclusão organizacional.

 

Produção e difusão do conhecimento

●     Apoiar pesquisas, eventos, núcleos e grupos de trabalho que fortaleçam a POT como campo científico e socialmente referenciado.

Essa eleição é decisiva. A Psicologia brasileira está diante de um dilema: seguir se fragmentando em respostas genéricas e tecnicistas aos problemas sociais ou se reposicionar como ciência e profissão comprometida com a transformação da realidade. Em tempos de retrocessos, adoecimento em massa e avanço de discursos negacionistas, precisamos de um Conselho Federal que compreenda que a saúde mental não é neutra — ela é atravessada por desigualdades de raça, gênero, classe, território e, especialmente, pelas formas como o trabalho é organizado e vivido.

A Frente em Defesa da Psicologia Brasileira (Chapa 22) é, hoje, a única proposta eleitoral com um projeto ético, político e técnico capaz de enfrentar esses desafios com coragem, profundidade e compromisso coletivo. É por isso que eu, que acompanhei de perto esse processo — inclusive como docente de alguns nomes que hoje constroem essa chapa —, apoio e convido você a fazer o mesmo. Porque não se trata apenas de escolher uma gestão, mas de afirmar qual Psicologia queremos praticar: uma Psicologia viva, crítica, pública e socialmente relevante.

Vote Chapa 22 – Frente em Defesa da Psicologia Brasileira.Porque é tempo de coragem. E a Psicologia não pode hesitar.

 
 
 

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